segunda-feira, 26 de setembro de 2022

A terra cura


 
















Quando palavra não organiza
e a imagem resiste no esconderijo do corpo
Mãos vão às sementes,
mudas
Sangue na terra
suor
em honra e sacrifício
na dor malograda de tentar merecer
de reparar fogueiras e hospícios
de tratar feiúras impregnadas de ser
de, por um instante, fazer valer viver.

Somos muitos
Tantos
e tão sós
em promessas de comunidade em harmonia
na ilusão da verdade compartilhada
vivendo o real
Sentindo
cruzando
e sendo atravessados por efeitos
por virtudes e defeitos
de tanto e mais que sequer existem.
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Fernanda Almada
Uberaba/MG
25 de setembro de 2022
23:33h

sábado, 10 de setembro de 2022

A resistir












Brilha cheia
e divide o céu com nuvens forjadas 
por fábricas de inspirar que seguem ardendo
exalando densidades de egoísmo e insensatez
na febre árida de poeiras de fogo

Não é um jogo
- Imoralidade de extinguir e ser
  humano

Foi no ventre o toque da inquietude
sem esplendor nem magia
Calmaria
de um natimorto súbito 
sem fôlego nem suspiro

Talvez fosse inaudível grito 
de um só instante perene 
evocado em futuros de agonia
por essa fantasia de liberdade doce
em festejo insipiente sobre solos estéreis

E a esperança suplica 
quando a dança dos passarinhos perfumam os olhos
os lírios enrubrecem em tons de veludo
e as cores líquidas se despejam em circunvolução

Em desequilíbrio de expansão recolhida 
continua seu caminho serpenteado
no enredado abrigo ampliado
de mais uma existência desprezível.

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Fernanda Almada 
10 de setembro de 2022
21:59h
Uberaba/MG