sábado, 30 de agosto de 2014

EnFIM...




















Procuro pelas palavras 
que agora só de longe acenam

Minha miopia não enxerga e ressoa:
"Alcançar antes de cansar"

Corro, 
já fadigada,
contra o peso dos anos, 
- esses fartos enganos -
contra os ventos no espelho
contra a emoção que me falta.

Insisto:
"Ver-me!"
No reflexo:
"Verme"

Instinto...

Não me surpreende a distância
- repugnância -
desses olhos sem brilho de vida
anúncio de partida
do que já não volta
com o próximo crepúsculo vermelho
ou lábio vermelho
- em vão -
Esconderijo do não dito
Túmulo de dor e derrota
da coragem mais covarde
- Sem alarde -
de não escolher "viver ou morrer".

Existir.
Movimento limitado
fadado ao erro, insulto e desvalor.

Estagnar -
Colher sem plantar
o mesmo de ontem, hoje e amanhã
com esse corpo que não mais vê além
não imprime luz, cor e som,
deixou de ser palco dos sonhos, 
fantasias delirantes, liberdade...

Triste é assassinar a própria utopia
Personificar ausência de alegria.

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Fernanda de Lima Almada
30 de agosto de 2014
21:13h

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Sobre a vida [e não viver...]












Cheiros amargos e gostos em cor
por luzes estridentes,
sons ofuscantes,
compassos sem harmonia...

Com passos de desilusão.
Lógica? Estética em desrazão.
Sem leveza ou gratidão.
Sem paixão
mais um dia opaco.
É fragmento.
É caco.

Agonia no ar,
no sangue ainda pulsando
nas dores da voz
no ritmo dos músculos.
Vida em túmulo.

Abandonaram-me os prazeres...
ou eu os expulsei
ao desejar demais o impossível
das palavras
dos afetos
do corpo
de ser
do vivo-morto em mim que diz:

"Não há escolha:
- Colha
Dessa vida que não vale nada
e custa caro".
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Fernanda de Lima Almada
13 de agosto de 2014
12:27h


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