quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

{sobre a saudade de 10 anos sem a vovó}



















É quarta-feira de cinzas
mais cinza que o costume ou que o normal
que não chega triste pelo fim do carnaval
que não traz pesar pelo início de privações
pela quaresma ou quaisquer dessas ilusões.
.
Há 10 anos recebi aquele telefonema
em voz trêmula e gosto de lágrimas.
.
Hoje o dia é sim mais acinzentado
pelo céu nublado e lembrança triste
da dor egoísta e perda do colo
Fim do sorriso e da cumplicidade
do Amor, do carinho e do apego
da vovó que não me faltou um instante.
.
De tudo o que foi aprendido
Daquilo que foi além dos domingos
dos pães de queijo e purês de batata
Dos ciúmes e ditas predileções -
Cada segredo guardado
Cada abraço que permanece em mim
ainda apertado.
.
Vovó está aqui no que pulsa
na fragrância que chega inexplicável
nas flores que colheríamos juntas
Na saudade e certeza do que é imutável.


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Fernanda de Lima Almada
18 de fevereiro de 2015

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