Procuro pelas palavras
que agora só de longe acenam
Minha miopia não enxerga e ressoa:
"Alcançar antes de cansar"
Corro,
já fadigada,
contra o peso dos anos,
- esses fartos enganos -
contra os ventos no espelho
contra a emoção que me falta.
Insisto:
"Ver-me!"
No reflexo:
"Verme"
Instinto...
Não me surpreende a distância
- repugnância -
desses olhos sem brilho de vida
anúncio de partida
do que já não volta
com o próximo crepúsculo vermelho
ou lábio vermelho
- em vão -
Esconderijo do não dito
Túmulo de dor e derrota
da coragem mais covarde
- Sem alarde -
de não escolher "viver ou morrer".
Existir.
Movimento limitado
fadado ao erro, insulto e desvalor.
Estagnar -
Colher sem plantar
o mesmo de ontem, hoje e amanhã
com esse corpo que não mais vê além
não imprime luz, cor e som,
deixou de ser palco dos sonhos,
fantasias delirantes, liberdade...
Triste é assassinar a própria utopia
Personificar ausência de alegria.
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Fernanda de Lima Almada
30 de agosto de 2014
21:13h
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