Foi negligência minha quando as águas do verão a alcançaram em excesso e encharcaram suas folhas...
Minha negligência...
que meus olhos descuidados só perceberam quando os verdes se desfizeram em apodrecimento.
Já era outono
e autopunição e culpa
- que aqui costumam seguir o caminho da paralisia, da desistência, do luto antecipado -
desta vez das lágrimas fizeram responsabilidade e enfretamento.
Era preciso menos água e mais terra.
Menos lágrimas e mais concretude, mais objetividade em ações urgentes.
Enquanto as mãos removiam a matéria morta, o coração entoava perdão e cuidado
rogando por não ser já tardio demais...
Foram, então, tempos de terra, água e sol na medida necessária...
Só o carinho que não tinha limites mesmo...
Hoje, já mês de junho e recebendo o inverno, a Flor-de-Maio terminou de abrir suas cores e, como um abraço naquele coração que pediu perdão, respondeu em assentimento e sabedoria que ressoa aqora confiança, consideração, paciência e Amor.
Lá no início do Outono, a morte iminente de uma planta me fez pensar sobre o quanto temos testemunhado todos os dias tragédias e catástrofes coletivas; a maioria evitável se não fosse nossa negligência, enquanto indivíduos e principalmente enquanto sistema falho de (des)organização...
Hoje, enquanto o ventinho frio toca minha pele que é aquecida pelo sol invernal, a mesma plantinha atualiza em ampliação o significado de Esperança aqui dentro...
Esperancemos em Ação...
E floresçamos.
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Fernanda Almada
22 de junho de 2022
13:24h
Uberaba/MG